Por que a Musicoterapia, afinal? Aqui vamos refletir um pouco sobre a Musicoterapia, enquanto prática de saúde e profissão.
É possível que a Musicoterapia tenha começado durante as grandes guerras (primeira e principalmente a segunda) mundiais, principalmente ao levarmos em consideração que muitos soldados ficavam traumatizados pelos horrores vividos, e que sofriam de tormentas psicológicas (alucinações e outros) que apenas podiam ser apaziguadas com a utilização da música. Desse modo, não nos resta dúvidas que a música é algo envolvente e expressa muito dos nossos sentimentos. Para além disso, consideramos também que ela pode ser dotada de efeitos benéficos e relaxantes. Todavia o que vamos tratar aqui hoje é que a Música, com “M” maiúsculo, se diferencia da “música” e pode ser muito mais que um recurso suavizante, ou mero fundo musical, para as horas de distração ou diversão.
Não por acaso existe a profissão do músico, que é esse profissional que se submete a exames para estudar em um Conservatório de Música e até mesmo nos cursos de Música oferecidos em universidades em vários lugares do Brasil e do mundo. Por esse motivo, aí se aplica (e implica) uma formação, estudos diários, pesquisa, metodologia, pedagogia do ensino da Música, aprendizagem, técnica, estilo e muitas outras vias de atuação. A Música como profissão, cabe ao músico que estudou para ser especialista na execução de um ou vários instrumentos e no ensino da Música.
Musicoterapia
De antemão, e se você não sabe, a Musicoterapia também é uma profissão, ou seja, um campo de atuação profissional regulamentado e reconhecido, que exige formação, estudo, prática, teoria e pesquisa. É necessário estar habilitado para exercer essa profissão e para oferecê-la como recurso da Saúde e de tratamento. Para ser um musicoterapeuta, é preciso ingressar em um curso (graduação e especialização) de Musicoterapia.
Então, afinal, quem pode ser um musicoterapeuta e aplicar suas técnicas para tratamento? A resposta é simples e está na ponta da língua: o musicoterapeuta! De forma bem resumida, esse profissional está comprometido em promover saúde e desenvolvimento, através dos recursos sonoros (melódicos, rítmicos, dinâmicos e etc).
Para clarificar um pouco mais, vamos aos exemplos hipotéticos: quem toca violão para si ou para uma platéia, pode ser muito bom no que faz e digno de aplausos, mas não é suficiente para dizer que está fazendo musicoterapia quando traz bem-estar para seus ouvintes. Colocar uma música para relaxar durante um atendimento (de qualquer área de saúde ou outra área), pode ser muito útil e gostoso, mas se não é um musicoterapeuta com formação, objetivo clínico e base teórica-metodológica, não se trata de musicoterapia, mas pode ser um prazeroso relaxamento.
A intervenção do Musicoterapeuta: ciência e profissão.
Como já discutimos acima, a Musicoterapia é uma profissão pautada em uma ciência (com metodologia, avaliação de resultados, ou seja, pesquisa dentro de um método científico!) e que exige uma formação (formal e acadêmica em cursos de graduação ou especialização em Musicoterapia). Para declarar que se trata de uma intervenção musicoterápica é preciso ter um musicoterapeuta habilitado para essa função, exercendo essa intervenção com objetivos claros de tratamento.
O que faz o musicoterapeuta?
O profissional musicoterapeuta aplica músicas ou áudios com intuito específico de ser terapêutico, ou seja, a partir das necessidades dos pacientes, utilizando a improvisação musical, canção escrita, discussão lírica, música e imagens, técnicas de escuta e aprendizagem através da música. Além disso, a intervenção do musicoterapeuta proporciona o envolvimento do paciente em estratégias criativas e expressivas que irão ajudar a melhorar e desenvolver o funcionamento global, bem estar e qualidade de vida.
Benefícios da Musicoterapia
De forma resumida, listamos abaixo alguns benefícios da Musicoterapia. Leia com atenção!
- Estimula o bom humor;
- Aumenta a disposição;
- Reduz a ansiedade;
- Diminui estresse e a depressão;
- Melhora a expressão corporal;
- Aumenta a capacidade respiratória;
- Estimula a coordenação motora;
- Promove o bem estar;
- Pode aliviar a dor;
- Pode ser uma via de expressão dos sentimentos;
- Melhora a memória;
- Pode melhorar a comunicação;
- Promove a reabilitação física;
- Pode melhorar a socialização;
- Pode melhorar a qualidade de vida;
Indicações: quem pode ser beneficiado com a musicoterapia?
Pessoas de todas as idades: crianças, adolescentes, adultos e idosos com uma variedade de necessidades de saúde: deficiências de desenvolvimento e aprendizagem, autismo, síndromes, doença de Alzheimer e outras condições relacionadas ao envelhecimento, doenças físicas, traumas, problemas emocionais e de conduta, pertubação da comunicação, desordens psiquiátricas e outros.
Conclusão
Se você gostaria de ser um musicoterapeuta, procure uma instituição acadêmica que ofereça essa formação. A Musicoterapia é uma profissão (como já falamos acima) regulamentada pelo código brasileiro de ocupações e possui muitas associações pelo Brasil inteiro, providos da função de orientar, organizar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão. Por outro lado, se você gostaria de ser submetido a intervenção de um musicoterapeuta ou conhece alguém que queira, procure um profissional habilitado e que tenha formação acadêmica para essa função.
BRUSCIA, K. Fundamentos da prática musicoterápica. In:____. (Ed.) Case studies in music therapy. Trad. Marly Chagas. Phoenixville: Barcelona Publishers, 1991, p.3-13.
RUUD, Even. Caminhos da Musicoterapia/ Even Ruud; Trad. VeraWrobel. – São Paulo: Summus, 1990, p.7-36.
Fig. 1 – Renoir, 1888, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig. 2- Pianos in the field, 1918, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig.3 – Matisse, 1939, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig. 4 – Mid South Music Therapy, 2010, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig. 5 – Renoir, 1892, Mulheres ao piano, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig.6 – Music Therapy, Photo credit: Miriam Doerr Martin Frommherz/Shutterstock, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig. 7- Matisse, 1905, A dança, acessado em 17 de abril de 2018.
Fig. 8 –Rene Magritte, 1923, Georgette at the piano, acessado em 17 de abril de 2018.
Luísa N.N.C. Fróes, é psicóloga (2006) e musicoterapeuta (2013).
Atualmente exerce ambas profissões em Vitória, Espírito Santo, Brasil. Já participou de congressos e eventos acadêmicos no país e no exterior.