Boneca Momo: “jogo” ou crime?

Podemos chamar de “jogo”?

Para começar respondemos a pergunta acima: terminantemente, não e não! Um desafio que convida crianças e adolescentes a jogarem algo macabro e violento (tanto no sentido da auto violência, quanto em ações violentas contra outras pessoas), não se trata de um jogo, mas sim de um crime! A boneca “Momo” em si, é uma imagem que aparece em alguns vídeos ou em mensagens de Whatsapp, de uma escultura do artista japonês Keisuke Aisawa, intitulada “Mother Bird”, ou seja, uma criatura soturna meio mulher e meio pássaro que foi criada em 2016 e exposta na galeria de Tóquio, no Japão.

Desse modo, é preciso chamar atenção dos leitores, principalmente pais e pessoas que têm como público alvo o trabalho com crianças e adolescentes, como é caso das escolas, é que esse tipo de desafio não se trata de um “jogo”! Pois necessariamente são ações de criminosos e considerar isso um simples “jogo” ou “desafio”, é reforçar a ação desses criminosos! Porque eles usam esse termo como um “chamariz” para que as crianças e os adolescentes sejam aguçados pela curiosidade.

As mídias e os pequenos:

Por outro lado, não se trata aqui de “demonizar” a internet e nem tão pouco as tecnologias, até porque se usadas com fins benéficos, elas também podem ser muito úteis para que a criança aprenda coisas novas e explore o mundo de forma saudável! Pois esse é o mundo da criança: é o lúdico, é o jogo, são as brincadeiras e são as fantasias, porque é assim brincando que começamos a nossa “excursão” na convivência social, ou seja, fora da nossa “redoma” familiar. Enquanto crianças, é através do desafio das brincadeiras e jogos infantis que aprendemos a reconhecer os nossos limites, compreendendo e respeitando as regras sociais, o espaço do outro, a cooperação e até mesmo a competição saudável!

jogos e midias

Portanto, se os pais ou a escola, identificarem que uma determinada criança (ou adolescente) foi convidada ou atraída para esse tipo de “jogo” nocivo e violento, ou seja, nada saudável, a polícia deve ser acionada imediatamente! Desse modo, é imprescindível observar nas crianças e nos adolescentes se há sinais de automutilações, falas suicidas ou discurso de ódio e violência. Pois eles ainda são egos frágeis, ou melhor, estão em formação. Por esse motivo são alvos mais vulneráveis que os adultos, quando se trata da influência e da sugestionabilidade de pessoas com más intenções.

Vale salientar ainda que, esses tipos de comportamentos são sinais de alertas que algo não vai bem no interior daquela criança. As crianças e adolescentes que geralmente sofrem (ou sofreram) humilhações ou algum tipo de tortura (física ou psicológica, ou até mesmo o Bullying nos espaços sociais que frequentam ou frequentaram) podem estar mais propensos a aceitar este tipo de “convite criminoso”! Elas podem desenvolver uma certa inclinação para sentir prazer na dor. E isso pode significar na dor do próprio corpo (automutilação) ou na dor do corpo do outro (ação violenta e agressão).

Nessas horas, o acompanhamento com profissional psicólogo é indispensável, pois a escuta qualificada do profissional poderá detectar mais alguma coisa, por exemplo algum tipo de depressão infantil ou outras psicopatologias. Se houver necessidade, a criança ou adolescente poderá ser encaminhado para o profissional médico, especialista em psiquiatria infantil.

Atitudes que os pais podem tomar para ajudar os filhos:

  1. Investir no vínculo com a criança;
  2. Investir em qualidade de tempo com os filhos, quando não estiver trabalhando. Por exemplo: atividades lúdicas em parques, teatros, cinemas, brincadeiras que promovam a interação com outras crianças;
  3. Transmitir proteção e segurança, de forma que os filhos saibam que podem contar com você;
  4. Se seu filho for convidado para esse tipo de “convite criminoso” em meios os desenhos que ele gosta no Youtube, denuncie o vídeo imediatamente! Pois a própria empresa tem políticas de uso e privacidade;
  5. Quando os filhos estiverem acessando as mídias, permita o uso de forma supervisionada;
  6. Não use a intimidação pra que seu filho fique mais assustado! Lembre-se que as crianças tendem a não saber separar a fantasia da realidade e elas já podem estar sentindo muito medo! Amedrontá-lo o distanciará de você e aumentará o pavor, pois ele temerá ainda que você brigue com ele!
  7. Se seu filho estiver jogando esse jogo e você não souber lidar com isso, procure ajuda profissional!

Conclusão

Para finalizar, lembramos que uma criança ou adolescente que se sente fortalecido e seguro em seu ambiente familiar, se torna um alvo menos acessível para esse tipo de ação criminosa e para esse tipo de criminoso. Por isso, mesmo que seu o tempo seja curto por causa da rotina puxada de trabalhar e ganhar o pão de cada dia, não permita que nada (e nem ninguém) seja mais presente e influenciador do seu filho que você mesmo!

Por último, se seu filho relatar algo em que ele tenha sido vítima de qualquer tipo de investimento abusivo, como esses “convites criminosos” (ou até mesmo de Bullying por parte de outra pessoa ou até mesmo de outra criança), não o incentive a refutar (ou revidar) com outra ação de violência e ou valentia! Converse com ele calmamente e de forma acolhedora, vá à escola e converse com os professores e equipe pedagógica. Se mesmo assim não funcionar, tome atitudes (como mudar de celular ou controlar o uso das mídias, faça-o mudar de lugar, de sala ou de escola, se for preciso!) para que seu filho seja protegido e consiga enfrentar seus próprios medos no momento certo!

 

Espero que esse artigo tenha sido útil! Acompanhe nosso site, pois há outros artigos em produção. Até mais!

 

REFERÊNCIAS:

www.celular.pro.br

fig.1

fig.2

Escrito por Luísa Fróes, do Espaço Terapêutico.

 

luisa psicologa

Luísa N.N.C. Fróes, é psicóloga (2006) e musicoterapeuta (2013).

Atualmente exerce ambas profissões em Vitória, Espírito Santo, Brasil. Já participou de congressos e eventos acadêmicos no país e no exterior.

 

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